O MOTIVO DE TODO ESSE MAL

O MOTIVO DE TODO ESSE MAL
O MOTIVO DE TODO ESSE MAL

ORAÇÃO DA SERENIDADE

"Deus, conceda-me Serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, Coragem para modificar aquelas que posso e Sabedoria para reconhecer a diferença, Só por Hoje, Funciona."

"EU ME ABRAÇO A VOCÊS E UNO O MEU CORAÇÃO AO SEUS PARA QUE JUNTOS POSSAMOS FAZER TUDO AQUILO QUE SOZINHO NÃO CONSIGO"

domingo, junho 26, 2011

“Usar drogas é viver na escuridão”

Moça em recuperação há 11 meses, após internação por alcoolismo e dependência de maconha, conta sua história na Campanha da Jovem Pan:

“Minha história começa sempre como um conto de fadas: a mocinha mais bela de sua terra(minha mãe) conhece o rapaz com quem ela que ela sempre quis ficar e acabam namorando. Ela ficou grávida, aos 17 anos, e teve que se casar muito cedo.Muito novos, meus pais não conseguiram ficar muito tempo no casamento então a mocinha foi morar fora com a filha, mas a vida precisava ser vivida e conhecida.Então ,eu fui morar com meus avó paternos, que me acolheram e, com eles, morei até os 15 anos.Não conhecia direito as drogas mas conhecia muito bem a palavra NÃO, já era uma menina mimada e tudo que eu queria, eu conseguia.

“A primeira vez que eu experimentei bebida foi com 14 anos, com um amigo e um gole, nossa, odiei, e meu pai descobriu e eu fiquei de castigo um mês.

Com 15 eu fui morar com a minha mãe em outra cidade e já fumava cigarro. Experimentei com amigas também.

A maconha foi com a turma de colégio, a gente “caziou” aula e fomos para a casa dessa amiga para fumar, da primeira vez não senti nada, então eu surgeri que usássemos no outro dia e essa amiga topou.Fumamos no outro dia na casa dela.Nossa no primeiro trago eu não sentia meu corpo direito, dormência, tive vontade muita de rir e não conseguia descer a escada direito. Quando chegamos na casa dela comi tudo que tinha na frente, deu um cansaço enorme e fomos dormir.Fiquei cansada uma semana, cansaço físico e mental. Mas mesmo assim eu continuei fumando mais ou menos 2 meses. Depois eu não quis mais e minha amiga jogou fora.

Voltei para minha terra com 18 anos e lá comecei com a bebida. Uma festinha ali, outra aqui. Passei para faculdade, e já estagiando comecei a namorar um cara mais velho e a gente sempre saía para beber.Nisso eu comecei a acompanhá-lo e a bebida ficou cada vez mais minha companheira, de quinta a domingo.

Acabei com esse namoro e, por causa das drogas meu trabalho também foi “roubado” de mim, pois eu achava mais importante a bebida, uma saída, em vez de ir para o trabalho.

Comecei a freqüentar festas de música eletrônica e com isso o acesso para outras drogas foi ficando mais fáceis.

LSD, bala (ecstasy), comprimido de emagrecer que eu tomava com bebida para ficar elétrica, potenay (anestésico de cavalo injetável), lança perfume, tudo que me deixava louca eu usava.Com isso eu não tinha mais tantas oportunidades de emprego, minha família não fazia parte mais da minha vida, pois eu não queria mais eles perto só queria meus amigos ou namorados usuários.Minha vida era um vazio, uma frustração, escuridão pois na hora da droga eu sempre queria aquela primeira sensação que eu sentia quando eu usei pela primeira vez e com o álcool eu queira ficar alegre ,mas sempre exagerava, e eu achava que eles iam preencher esse vazio e quando isso não acontecia, vinha a depressão que sempre ocorria depois do efeito da droga.

Minha vida ficou sem sentido, tentei me matar algumas vezes, meus ex namorados já me agrediram.E quem me tirou dessa escuridão foi minha família que eu sempre me afastei. Hoje estou de recuperação há 11 meses e ficar sem álcool, sem droga e sem festas e estar do lado da minha família é o maior presente que eu tenho pois hoje eu tenho amigos de verdade, e não traficantes do meu lado, tenho pessoas que me amam e torcem por mim e sei que tenho uma doença incurável, progressiva e fatal que se eu não cuidar posso voltar para onde eu estava e ficar pior ainda.Pois eu não sou diferente do cara que está na rua pedindo esmola para comprar uma garrafa de bebida álcoolica, ou o cara que está fumando crack na rua, a pessoa é diferente mas a doença é a mesma se eu não tratar eu vou para o caixão!

E olha que essa minha história de ‘viveram felizes para sempre’ ainda tem muito para acontecer se eu fizer o que meu Deus quer. Mas, só por hoje, eu sou feliz!

sexta-feira, junho 24, 2011

"A Máscara caiu no 1º Encontro"

"Eu me preocupava com ele e, no entanto eu também sou alcoólica."
Foi numa terça-feira, 19h30 cheguei meio sem saber o que esperar, aliás, eu tinha minhas próprias idéias do que encontraria, mas nem de longe poderia imaginar as coisas que eu veria e sentiria naquela noite.
Fui para levar meu marido, porque "ele" era um alcoólico, "ele" não sabia beber, "ele" tinha que parar, "ele" só me fazia sofrer, enfim, todas as dores, amarguras e frustrações que eu tinha na vida, eram culpa dele.
Eu sempre fui tão boa para ele, sacrifiquei meus sonhos, minha individualidade, juventude e liberdade, em nome de um casamento falido e de um homem que não me merecia, nem me dava valor. Esses eram meus reais sentimentos.
Pensava que Alcoólicos Anônimos era algo extremamente machista, cheio de homens humilhados, derrotados e infelizes porque não podiam beber; que já haviam causado tanto sofrimento, que somente juntos poderiam suportar a dor da culpa que carregariam para resto de suas miseráveis vidas.
Mas não foi isso que eu vi.
Para começar, dei de cara com uma mulher coordenando a reunião, o que me pareceu bastante estranho, mas longo pensei: "Claro, só mesmo uma mulher para suportar um monte de bêbados arrependidos". Percebi que todos estavam arrumados, decentemente vestidos; a sala era aconchegante, e o clima... bem, o clima era para mim, no mínimo, suspeito.
Porém o que mais me intrigou foi o fato de estarem todos alegres; pareciam realmente felizes e orgulhosos por estarem ali, e mais ainda com a nossa presença; sorriam e nos cumprimentavam com visível satisfação, nos deixando muito à vontade.
Eu tinha vontade de gritar-lhes: "Ei, o bebão aqui é ele, não eu".
Entretanto, estava certa de que isso era tão legível como se uma enorme placa estivesse pendurada em meu pescoço.
Então começou a reunião. Desde o primeiro depoimento, senti que algo estava acontecendo dentro de mim. Senti calor, medo, vergonha, vontade de ir embora sair dali o mais rápido possível; era o que a minha cabeça dizia, mas meu corpo não obedecia, meu coração batia descompassado e por um momento achei que todos olhavam para mim e sabiam de todos os meus "pecados".
De repente, esqueci-me do motivo que me levou até ali, ouvia atentamente o que um companheiro dizia, e era como se estivesse em frente a um espelho vendo minha própria imagem, ouvindo minha própria voz.
Pela primeira vez, tive coragem de olhar para dentro de mim verdadeiramente e a máscara caiu. Eu era uma alcoólica, não era capaz de controlar meu modo de beber, e o que mais me doeu: tinha causado sofrimento a mim e a outros, inclusive àquele a quem eu de tudo culpava.

Pânico. Essa palavra resume o sentimento que me veio a seguir.
Deram-me café, cercaram-me de carinho e atenção e eu senti que os amava; não os via mais como bêbados derrotados e infelizes; eram alcoólicos em recuperação, corajosos, determinados, vencedores de uma luta diária, contra uma doença chamada alcoolismo.
Eu queria ser como eles, precisava disso, não podia mais mentir para mim mesma, não sabia o que dizer nem o que fazer. Então estenderam-me a mão e disseram-me que tudo seria diferente se eu quisesse, e graças ao meu Poder Superior, eu quis.
Jamais irei esquecer aquela noite. Já se passou um ano e mais algumas 24 horas. Não me preocupo com quantos anos mais virão; o que realmente importa é poder estar aqui hoje, alcoólica em recuperação diária; compartilhar com meus companheiros a alegria de cada momento, e também as tristezas.
"Vivo e deixo Viver", pois a vida é feita de muitos momentos, e o que faz a diferença é como nos preparamos para eles; não tenho que me preocupar com a vida dos outros e sim, com a minha.
Tudo isso eu devo a Alcoólicos Anônimos e aos meus companheiros.
Tudo é maravilhoso, porém frágil, como frágil é a própria vida, é preciso estar vigilante, perseverante nos meus propósitos para que não me desvie deles.
Espero que este meu sincero depoimento, possa-lhes ser útil e parabéns pelo Blog Davi tão bem feito e tão agradável de ser lido. Esta é a minha humilde contribuição.
Cristina 

segunda-feira, junho 20, 2011

"O RESGATE"

Eu Eduardo, 37 anos, casado 2 filhos

AGRADEÇO A DEUS POR TER ME RESGATADO...

Venho de uma família muito humilde, de 11 irmãos sendo um com D.I. (deficiência intelectual) e AUTISMO, hoje com 30 anos e um pai alcoólatra para piorar a situação.

Com 7 anos fui trabalhar na feira livre para ajudar no sustento da casa, mas sempre sobrava algum dinheiro, e sabe como é çça!!!. Mas sem orientação com o pouco que restava “a mente começou a funcionar”.

(Assim diz a Bíblia: Que a nossa carne trabalha contra o nosso espírito), então entre 8 e 9 anos comecei a beber vinho e batidas, aos 10 anos cigarro, aos 11 a maconha e aos 12 fumava 100 gr de maconha por semana. Mesmo assim tinha consciência da necessidade e da responsabilidade do dia a dia. Com 13 anos a COCAÍNA, mais a pior fase foi quando experimentei o CRACK, aos 17 anos.

Foi aí que Deus começou a obra dele em minha vida...LIVRAMENTOS e mais LIVRAMENTOS...

Grandes foram as dificuldades, pois por não ter mais vontade de trabalhar comecei a roubar para sustentar o meu vício. E com 19 anos fui preso...

Com 23 anos parei na U.T.I., 5 dias em como devido uma agressão física por 7 homens e entre eles um que se dizia meu amigo. Ao tentar roubar o meu relógio fui me defender, em chegaram a passar a moto em cima da minha cabeça, então adecidiram atentar tirar minha vida, mais para minha GLÓRIA e vontade de DEUS, estavam desarmados, mais quando foram buscar a arma um senhor me resgatou e me levou para o hospital. Eu estava com o rosto totalmente deformado, foi preciso reimplantar meu olho direito. MAS DE NADA ADIANTOU...Voltei para as malditas DROGAS!!!

Foi então que minha AMADA E GUERREIRA MÃE, que via nunca desistiu de nenhum dos seus 11 filhos e praticamente sozinha, sempre ORANDO, ACREDITANDO E SOFRENDO, pois qual é a mãe que quer uma vida dessas seu ou seus filhos?

Foi aí que olhando e percebendo todo o sofrimento e vi que DEUS sabia que havia um SER que no fundo queria ser resgatado. Então falei para DEUS que fizesse a mudança em minha VIDA ou podia me arrancar da terra, pois não queria mais ver a minha mãe, a minha família e eu mesmo naquele sofrimento.

DEUS muito obrigado pelo meu RESGATE, pela minha MÃE por nunca ter desistido, por meu PAI hoje ser um homem sem vício algum, pela FAMÍLIA ABENÇOADA que o SENHOR me deu....

SOU TEU SERVO PARA TODO O SEMPRE...

sábado, junho 18, 2011

"A decisão mais difícil de minha vida"

Que medo que senti ao sair de uma reunião de A.A., a minha segunda reunião, pois a primeira acontecera dezenove anos antes! Reafirmava para mim mesma o que tentara dizer lá dentro, sem o conseguir, pois as lágrimas me impediam: "Eu sou alcoólica"! Era como se o universo estivesse desabando sobre a minha cabeça. Eu já estava há três dias sem beber, sentindo todos os horríveis sintomas da crise de abstinência: tremores, depressão, suor frio, dor de cabeça...

Para mim, ter entrado naquela sala foi a suprema humilhação. Eu sabia que, no dia em que voltasse a A.A., estaria decretando a minha falência definitiva como ser humano. Meu orgulho, minha auto-suficiência intelectual, minha crença no poder da mente, tudo fora absolutamente inútil na minha luta insana contra o primeiro gole. Admitir a minha impotência perante o álcool, reconhecer que tinha perdido o domínio da minha vida, aceitar minha insanidade e, principalmente, acreditar que um Poder Superior poderia libertar-me dela, tudo isso era demais para mim. Eu sabia tudo sobre o alcoolismo porque lia tudo a respeito e já conhecera a Irmandade, mas sempre me recusei a aceitar que eu era portadora dessa doença.

Aquela noite foi a mais longa da minha vida. Morava sozinha e, da janela do apartamento, via os botecos onde costumava beber todas as noites. Consegui "ouvir" o tilintar dos copos e as risadas, apesar da distância (moro no oitavo andar). Via, num desespero total, aquela ilusão de felicidade se desenrolar diante dos meus olhos cheios de lágrimas. E o "canto da sereia" da fuga e do esquecimento que o álcool me proporcionava, soou aos meus ouvidos: "Talvez eu possa me controlar hoje. Tomar uma ou duas cervejas vai me ajudar a dormir..."

Uma sensação de extrema solidão me invadiu. Eu sabia que, naquele momento, te­ria de tomar a decisão mais difícil da minha vida. Mais difícil ainda do que a ida àquela reunião pedir ajuda, naquela mesma noite. E então percebi o quanto o álcool era um poder superior para mim. Sozinha eu não poderia ganhar a briga contra ele. Só um outro Poder Superior poderia me ajudar. E como foi difícil dizer esta minha oração: "Deus, eu não sei quem você é, eu não sei onde você está, mas, se puder fazer alguma coisa por mim, ajude-me a não sair de casa agora" .

Não sei como peguei no sono naquela noite. Lembro-me de ter chorado muito. Ao acordar na manhã seguinte, senti uma alegria imensa por ter vencido aquela primeira batalha contra mim mesma. E agradeci a um novo Poder Superior, que começava a se delinear em minha mente, por ter estado comigo no meu pior dia sóbria. Descobri que eu poderia, um dia, afinal, encontrar dentro de mim o que sempre procurei: uma Fé que funciona.


Nicia/SP

quarta-feira, junho 15, 2011

"Como previnir o uso de DROGAS"

Olá, meu nome é Davi e eu sou um dependente químico em recuperação e estou limpo a 6 anos 5 meses e 14 dias só por hoje...
Hoje gostaria de poder ajudar alguns familiares e co-dependentes com meu depoimento, falarei com propriedade nas minhas experiências com uso abusivo de drogas.

Ainda me pergunto se poderia ter feito diferente, pois no meu caso acabai experimentando por curiosidade e por outras pessoas que iriam experimentar também, amigos e colegas. Porém nem todos tinham a mesma pré-disposição que eu tinha, a minha compulsividade e minha obsessão, sempre dizia sim novamente em quantos alguns somente experimentaram. Acredito que a amizade e a curiosidade são fatores que influenciam bastante os jovens a experimentar "vamos ver como é que é", "só vamos experimentar", "não pega nada". Essas são as coisas mais comum de se ouvir...
Acredito que o dialogo em casa e o acompanhamento dos pais são de estrema importância para a prevenção, mas cito o meu caso, meus pais sempre me ensinaram o certo e o errado, sempre me colocaram nas melhores escolas e sempre tive muito amor deles. Ai você me pergunta: Por que você foi usar droga? E eu te digo, não sei!!!! Simplesmente experimentei e alguns meses depois achava a coisa mais normal do mundo fumar maconha... Não me dei conta do caminho que estava seguindo!!!
A curiosidade é uma coisa que praticamente está no ser humano, o diferente e muitas vezes o errado da uma vontade de saber como é, me dava uma sensação de Liberdade (de que posso fazer o que eu quiser  "escondido Claro"), pura ilusão, idiotice!!! Acredito que para me prevenir eu teria que ter dado prioridade para os meus verdadeiros amigos, para meu irmão que sempre conseguiu diferenciar o certo e o errado muito bem, isso significa princípios; deixei os meus de lado pela curiosidade e achando que iria ser melhor que os outros, que seria uma super vitamina (me deixando mais forte, mais bonito e mais inteligente) fui muito inocente achando que estava fazendo a coisa certa para mim, que "não pega nada" pois acreditava que poderia parar quando eu quiser. Acredito que minha rotina de balada de 2ª a 2ª ajudou muito a desenvolver minha adicção pois ficava muito tempo fora de casa e esquecia dos princípios que meu pai ensinava desde criança.
Me colocando em algumas situações para vocês.

1- Eu quase nunca parava em casa" Eu entrava tomava um banho e já saia novamente, as vezes para ninguém ver o meu rosto ou para não sentir o cheiro da droga.

2- Quando estava em uma festa, usava o banheiro com muita frequência e as vezes saia uma ou duas vezes para comprar alguma coisa que não tinha necessidade (saia para usar ou comprar).

3- Fui me afastando dos amigos e de pessoas que não usavam, sempre andei com pessoas que usavam drogas (se meus amigos usam porque eu não... se liga).

4 - Tinha dificuldade para cumprir horários de compromissos ou muitas vezes não aparecia.

5- Rangia os dentes quando usava cocaína, e usava muito o banheiro pois descontrolava meu sistema imunológico.

6- Nunca tinha dinheiro, e na minha casa eu pegava dinheiro escondido de todos, sempre sumia 10 ou 15 reais da carteira do pessoal (eu roubava).

Espero que possa ser útil e que ajude os leitores, familiares e co-dependentes.

Sei que minha doença não tem cura mas sei que existe tratamento e o tratamento é me manter limpo, frequentar uma sala de auto ajuda, encontrar o seu poder superior seja ele qual for, e por acreditar nisso que estou limpo hoje e isso para mim foi a coisa mais importante que eu fiz hoje!!!!

Agradeço a todos e desejo para vocês boas 24 horas, só por hoje "Funciona".....

quinta-feira, junho 09, 2011

"DEPOIMENTO DE UMA MULHER RECUPERADA"



    Recordo-me com clareza das noites em que acordava com as brigas dos meus pais e da profunda tristeza que sentia. Meu pai perdia todo o dinheiro no jogo e passava as noites fora de casa, no entanto, era uma pessoa calma e eu sempre o amei muito, mas minha mãe era amarga, dava-nos pouca atenção e tinha o costume de quebrar as coisas dentro de casa. Foi em meio a estes acontecimentos que no meu interior começou a nascer um sentimento de aversão pela minha mãe. Brotou em mim o desejo de machuca-la tanto quanto ela me machucava, porém, era tímida e não tinha coragem de enfrentá-la. Tinha então mais ou menos onze anos de idade.
    A vida continuava o seu curso e, eu, permanecia presa em minhas frustrações e derrotas, até que na escola passei admirar os cabeludos, os roqueiros, viciados em drogas, pois eles me pareciam pessoas fortes, corajosas, destemidas, logo, decidi ser como eles e fui em busca da coragem, da força que supostamente imaginei encontrar nas drogas. Passei a freqüentar as danceterias, entre os quatorze e quinze anos, lá bebia muito a ponto de ficar caída na rua a noite toda. Contudo, bebedeira é algo deprimente e não dá “status”, então passei a fumar maconha e esta deixava-me sonolenta, sentia-me lerda e desejei algo mais forte, que produzisse efeito contrário, que despertasse meu cérebro, por isso, propositadamente, envolvi-me com um rapaz que usava ácido e anfetaminas (drogas de farmácia) e tomava uma média de dez comprimidos por dia, havendo, porém dias que ingeria trinta drágeas. Enquanto isso, em casa, o meu relacionamento com a família piorou, brigas horríveis passei a ter com eles,  então voltei para Santo André e fui morar com minha avó, entretanto, a simples mudança de lugar não contribuiu para o fim do meu vício.
    Continuei a fazer uso de “bolinhas” e rapidamente entrei para a turma dos “Piratas” que era formada por uns vinte roqueiros do bairro que além de usarem drogas, faziam pequenos furtos como toca-fitas de carros, cantinas de escolas, bares e até mesmo a secretária da Igreja Católica do lugar, foi surpreendida com o furto de suas máquinas de escrever e de xerox, mas apesar de alguns atos injustos praticados por mim, nunca fui presa pela polícia, sedo somente revistada por ela.
    Como sempre, a insatisfação se fez presente e a turma passou a usar drogas injetáveis (prefiro não dizer os nomes), as quais destilávamos e aplicávamos nas veias dos braços com agulha grossa que fazia um rombo nas mesmas e depois de três ou quatro “baques” (injeções de drogas) a veia sumia e por isso acontecer, passávamos a injetar nas veias das pernas e dos pés. Quando as veias finas estouravam, o líquido injetado fazia inchar e muitos de nós ficávamos com feridas nos locais das aplicações. Uma vez, minha mão ficou dias e dias parecendo uma bola de tanto que inchou. Confesso que tive muito medo. Além disso, um integrante da turma, depois de um “baque” não voltou mais ao normal. Passei, então, a ter medo de enlouquecer, de perder algum membro do meu corpo, mas. Ainda assim, ansiava pela morte. Tinha uma válvula do meu coração entupida e quando alguém tomava um “baque” em minha frente, passava mal e eu tomava um bem mais forte, e enquanto sentia o líquido entrando em meu corpo fechava os olhos e o imaginava percorrendo por toda minha corrente sangüínea. As vozes das pessoas ficavam cada vez mais distante e eu só desejava a morte que não vinha e eu me perguntava se Deus existia. Por que Ele me poupava?
    Continuei no submundo da vida, passando semanas na rua, sem comer sem banho e quando o sangue provocado pelos “baques” constantes que me injetava, escorria pelo meu braço, pingando no tênis, tentava impedi-lo limpando-o na calça e dormia em qualquer beco, cômodo, debaixo de marquises, até que passamos a usar cocaína, a arrumar brigas pesadas com a turma dos “Carecas” e dos “Punks”,  roubávamos, ouvíamos rock pesado. A overdose chegou em nosso meio, um da turma morreu dessa forma, outro, morreu em uma briga, mas a morte de um amigo (não quero citar nomes), um rapaz calmo, quieto, meu amigo, chocou-me muito, foi morto a facadas pelo novo integrante da turma. Isto se deu enquanto estava internada em uma  Clinica Psiquiátrica. Quase enlouqueci, eu que nunca tinha parado para questionar seriamente minha vida, minha turma de “amigos”, agora perguntava-me onde estava o companheirismo, a amizade entre nós, já que alimentávamos a idéia de mudar o mundo tão duro e notei, naquele momento, que éramos iguais a ele. Continuei internada na Clinica e tomava tantos medicamentos permanecendo dopada quase que o tempo todo. Conseqüentemente, tive uma crise que durou dias e dias, fiquei toda torta, minha mão colou debaixo de meu queixo, foi horrível... mas, ainda assim, saí de lá e voltei às drogas.
    A minha vida continuou sem sentido e parti para a segunda internação, desta vez em São Paulo, no Hospital Psiquiátrico de Vila Mariana. Lá passei dias impregnados pelo desespero, tomava remédios fortes, conversava muito com os médicos, contudo, presa ao vício continuava. Porém, foi neste momento tão difícil, diante daquele meu estado tão lastimável que vi como minha mãe ficou abalada. Até então, pensara o contrário. Sempre achei para ela eu não existia.
    A vida começou a ter um certo significado para mim com essa nova descoberta, até um amigo apareceu dizendo haver “Casas de Recuperação Evangélicas” e depois de algum tempo de espera, fui enviada para a “Missão Ebenézer” em Praia Grande, SP. Uma obra de evangelização e recuperação de Toxicômanas, mas eu não sabia direito como agiam os “crentes” e fui com um certo receio. Lembro-me de uma noite, quando lá já me encontrava alojada, em que acordei amedrontada com aquele povo orando em voz alta e tentei ir embora, achando que era um bando de fanáticos, no entanto, fiquei fascinada com o amor que presenciei, na atitude daqueles que dão a vida para ajudarem outros a levantarem-se das cinzas e serem transformados pelo amor de Deus em novas criaturas. Muitas pessoas falam de amor, poucas se dispõem a viver o amor.
    O amor de Deus desceu sobre minhas mágoas e tristezas com ungüento suave. A verdade que salva, penetrou em minha alma e vi o amor de Deus por mim, através da morte na cruz e do sangue vertido de Cristo, o Cordeiro de Deus que purifica o homem e a Ele me entreguei.
    É com alegria que declaro ser hoje, dirigida por Deus, aquela que caminhava a esmo já não existe mais, pois Deus fez de mim uma pessoa transformada e vitoriosa em Cristo Jesus. Caminhar com Ele é extremamente bom, conheço, agora, a alegria verdadeira e se antes ansiava pela morte, hoje anseio pelo dia em que me encontrarei com o meu Senhor e Salvador, Jesus Cristo.

quarta-feira, junho 08, 2011

"UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO"

Não quero falar aqui de minha adicção ativa, do que e quanto consumi. A estória de qualquer adicto é a mesma: sofrimento. Fiz insanidades da mesma natureza de qualquer um e coisas que me arrependo. Não sou melhor nem pior que ninguém: somos iguais e precisamos estar limpos só por hoje. Quero falar da esperança.
         Demorou para entender que havia, por anos a fio, jogado minha vida fora. Quando iniciei meu tratamento, percebi que meus valores estavam completamente deturpados. Chorei muito ao ter consciência de tudo o que fiz e de minha impotência perante às drogas e aos meus defeitos de caráter. O sentimento de culpa, remorso e tantos outros se misturavam aqui dentro. Como olhar para minha filha de oito anos e dizer que destrui seu porto seguro, sua família? Como olhar para as pessoas e dizer-lhes que tudo era uma farsa? E a mim? Foi difícil me perdoar e entender que não apenas tinha uma doença mas que a cura estava aqui dentro. Uma cura difícil, feito dia após dia, sem garantias de que ela seria contínua por toda minha vida.
        Após entender e aceitar tudo isso, fui resgatar meu amor próprio, minha autoestima, minha fé. Pulei no escuro, na incerteza, mas sabia que a vida sem drogas jamais poderia ser pior do que com drogas.
        Não vou dizer que foi fácil, que eu busquei inicialmente o tratamento. Fui para uma internação porque era minha única opção. Fui por não ter escolha. Ainda achava que poderia retomar minha vida aqui fora normalmente (quanta insanidade).
         Na primeira visita, muita emoção. Ainda estava desnorteado. Na segunda,  minha esposa pediu o divórcio. Me lembro que disse "tudo bem", que não poderia forçar alguém a ficar comigo. Ao final desta visita, fui para o meu quarto e fiquei equacionando as coisas em minha vida:  estava com minha vida profissional incerta, pois não sabia como seria meu retorno: duas das escolas que trabalhava não apenas sabiam do meu problema e de que estava fazendo tratamento como se dispuseram a me reintegrar novamente; meus filhos ainda sofriam muito e estavam meio distantes; meu casamento estava terminado; meus pais e meus irmãos, embora torcessem por mim, não tinham muito o que fazer, só eu.
       Muitos sentimentos ruins tomaram conta de mim. Chorei, me desesperei, tive vontade de desistir, achava que não conseguiria dar a volta por cima. Várias pessoas foram fantásticas e me ajudaram bastante a estar aqui hoje, dizendo que mesmo quando estamos no fundo do poço, basta olharmos para cima e veremos Deus, prontos para nos ajudar. Reaprendi a ter fé, a buscar forças quando achava que não as tinha, a ser radical em meu amor próprio, a não ter meio termo em recuperação, a acreditar que poderia ter minha vida novamente.
       Foi aí que muita coisa aconteceu: na minha visita aqui após oito meses de internação (uma semana e, após, o retorno para concluir o tratamento), Deus restaurou tudo em minha vida. Minha fé, meu amor próprio me foram devolvidos; fui às escolas que trabalhava e elas me disseram que estavam de portas abertas, esperando que eu terminasse meu tratamento; passei uma semana com meus filhos na casa de minha mãe, minha família me acolheu de forma excepcional e meu casamento foi restituído.
       Se eu disser que reconquistei tudo novamente estaria mentindo. Deus me tirou da sarjeta e recolheu com carinho tudo o que eu jogara fora. É como se ele dissesse "vês, o que precisa mais?". Me senti Jó.
       Ao retornar para a Fazenda a fim de concluir meu tratamento, fui radical. Foi aí que entendi que não havia mais sentido naquela vida vazia que tinha. Era trocar tudo por nada, tudo o que era de mais valioso por nada, apenas alguns minutos de prazer e, este prazer era apenas inicial, pois no fim, não havia mais nenhum prazer, apenas sofrimento.
     Hoje, após pouco mais de dois anos e meio limpo, estou em um bom momento. Aprendi, a duras penas, que sobriedade não é apenas "estar limpo", mas ter equilíbio nas ações, posturas e sentimentos. Entendi que o perdão tem que partir inicialmente de mim para mim e que ser honesto é fundamental. Reconheci que quando minto para alguém, estou mentindo é para mim mesmo. Não quero ser "santo" ou o melhor, mas quero fazer o dia de hoje melhor do que ontem e, só por hoje, acreditar que estarei bem e limpo pelo resto de minha vida, apenas por hoje.


Jorge Alberto 

domingo, junho 05, 2011

"ÁLCOOL O ESTIMULADOR"

Hoje comentarei sobre um assunto fundamental em recuperação a "Pré disposição e o Estimulador...."
O que quero falar hoje não é sobre meus momentos de fundo de poço ou de alucinações que tive, e sim, de um fator muito importante para me manter em abstinência; o remédio para minha doença. Não vou dizer sobre a mudança de atitude e de comportamento, a base para quem quer mudar tudo na vida.

Todo dependente químico (Adicto) tem a sua substância de preferência. Prefiro chamar de droga de preferência porque é uma droga mesmo. Essa preferência nada mais é do que a droga que a pessoa mais usa, aquela com a qual o Dependente Químico se identifica mais. No meu caso são duas o Crack e a Cocaína.
A mais importante atitude que devo tomar para permanecer remediado é ter a consciência do que posso e, principalmente, do que não posso fazer para manter distância de minha droga de preferência. A cocaína como toda droga incluindo o álcool, me deu momentos inexplicáveis de alegria no começo da minha adicção.

Sempre acreditei que meu único problema era a cocaína e o crack, claro, eu estava errado! Além do meu comportamento autodestrutivo tinha como dizem alguns o gatilho para chegar até o fundo do poço.

A bebida alcoólica, em minha opinião, por ser lícita e até glamourosa, é o pior de todos os gatilhos.

Se estando sóbrio já sou super orgulhoso, imagina com uns goles a mais. Transformo-me no rei! Insaciável, indestrutível, inatingível. Nada podia me parar! Mal sabia que eu já estava parado. Parado na evolução como ser humano, como ser espiritual.

Não tinha traficante, boca , polícia, amigo, família, namorada que pudesse me segurar. Era hora de cheirar. Mesmo não estando com vontade, ou melhor, mesmo estando com minha vontade mascarada, depois de tomar umas era só uma questão de tempo e lá estava eu de novo alimentando meu desejo mais podre.

Depois de passar por uma vivência em N.A aprendi que embora o álcool não seja minha droga de preferência, é a alavanca para criar uma bola de neve ele estimula minha compulsividade para a droga.

Tive que saber do meu real limite. Saber até onde posso ir saber exatamente o que posso e o que não posso fazer. Respeitar meus limites nada mais é do que ser disciplinado, ser coerente com as minhas metas e obrigações. Para mim, o Dependente Químico tem que ter medo, aliás, é bom que também tenha medo quem não é dependente. Não ter medo é irresponsabilidade, e é o primeiro passo para quem não quer se manter limpo.

Agora fica fácil entender porque o álcool é um estimulador. A bebida me deixava sem medo, ou melhor, sem responsabilidade, e quem não tem responsabilidade não tem limites e eu sem limites volto a ficar doente, volto para a ativa. Saber disso é o que me torna consciente e consciente me torno digno.

“Só por hoje agradeço a deus por conseguir me perceber”.
Boa 24 hrs á todos.