O MOTIVO DE TODO ESSE MAL

O MOTIVO DE TODO ESSE MAL
O MOTIVO DE TODO ESSE MAL

ORAÇÃO DA SERENIDADE

"Deus, conceda-me Serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, Coragem para modificar aquelas que posso e Sabedoria para reconhecer a diferença, Só por Hoje, Funciona."

"EU ME ABRAÇO A VOCÊS E UNO O MEU CORAÇÃO AO SEUS PARA QUE JUNTOS POSSAMOS FAZER TUDO AQUILO QUE SOZINHO NÃO CONSIGO"

sábado, junho 18, 2011

"A decisão mais difícil de minha vida"

Que medo que senti ao sair de uma reunião de A.A., a minha segunda reunião, pois a primeira acontecera dezenove anos antes! Reafirmava para mim mesma o que tentara dizer lá dentro, sem o conseguir, pois as lágrimas me impediam: "Eu sou alcoólica"! Era como se o universo estivesse desabando sobre a minha cabeça. Eu já estava há três dias sem beber, sentindo todos os horríveis sintomas da crise de abstinência: tremores, depressão, suor frio, dor de cabeça...

Para mim, ter entrado naquela sala foi a suprema humilhação. Eu sabia que, no dia em que voltasse a A.A., estaria decretando a minha falência definitiva como ser humano. Meu orgulho, minha auto-suficiência intelectual, minha crença no poder da mente, tudo fora absolutamente inútil na minha luta insana contra o primeiro gole. Admitir a minha impotência perante o álcool, reconhecer que tinha perdido o domínio da minha vida, aceitar minha insanidade e, principalmente, acreditar que um Poder Superior poderia libertar-me dela, tudo isso era demais para mim. Eu sabia tudo sobre o alcoolismo porque lia tudo a respeito e já conhecera a Irmandade, mas sempre me recusei a aceitar que eu era portadora dessa doença.

Aquela noite foi a mais longa da minha vida. Morava sozinha e, da janela do apartamento, via os botecos onde costumava beber todas as noites. Consegui "ouvir" o tilintar dos copos e as risadas, apesar da distância (moro no oitavo andar). Via, num desespero total, aquela ilusão de felicidade se desenrolar diante dos meus olhos cheios de lágrimas. E o "canto da sereia" da fuga e do esquecimento que o álcool me proporcionava, soou aos meus ouvidos: "Talvez eu possa me controlar hoje. Tomar uma ou duas cervejas vai me ajudar a dormir..."

Uma sensação de extrema solidão me invadiu. Eu sabia que, naquele momento, te­ria de tomar a decisão mais difícil da minha vida. Mais difícil ainda do que a ida àquela reunião pedir ajuda, naquela mesma noite. E então percebi o quanto o álcool era um poder superior para mim. Sozinha eu não poderia ganhar a briga contra ele. Só um outro Poder Superior poderia me ajudar. E como foi difícil dizer esta minha oração: "Deus, eu não sei quem você é, eu não sei onde você está, mas, se puder fazer alguma coisa por mim, ajude-me a não sair de casa agora" .

Não sei como peguei no sono naquela noite. Lembro-me de ter chorado muito. Ao acordar na manhã seguinte, senti uma alegria imensa por ter vencido aquela primeira batalha contra mim mesma. E agradeci a um novo Poder Superior, que começava a se delinear em minha mente, por ter estado comigo no meu pior dia sóbria. Descobri que eu poderia, um dia, afinal, encontrar dentro de mim o que sempre procurei: uma Fé que funciona.


Nicia/SP

Um comentário:

  1. Assustadoramente, parace que acabei de ler a minha própria história...

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